Neste momento mostraremos a visão espírita dos
desastres naturais e humanos que, de um só golpe, ceifam várias vidas e que
causam, por isto, em muitas ocasiões, uma grande comoção no mundo inteiro.
A tempestade Sandy causou mais de
uma centena de mortes, milhares de desabrigados e bilhões de dólares de
prejuízo nos Estados Unidos da América. Antes dela, outros desastres, como os
furacões Katrina e Irene, haviam causado mais mortes e mais danos. Por outro
lado, temos as tragédias ocasionadas pela imprevidência humana, como as quedas
de aviões, naufrágios de barcos e navios, incêndios de grandes imóveis. Ante
este cenário surgem-nos os questionamentos: Onde está Deus com suas
misericordiosas e justas Leis nestas horas? Por que Deus permite estas desencarnações
coletivas? Ou será tudo obra do acaso?
A doutrina espírita responde
estas e outras questões sobre estes tristes acontecimentos. Primeiramente vamos
colher informes na obra fundamental do Espiritismo: O Livro dos Espíritos. Na
questão 737 temos a seguinte pergunta com a sua respectiva resposta: “Com que fim fere Deus a Humanidade por meio
de flagelos destruidores? ‘ Para fazê-la progredir mais depressa. Já não
dissemos ser a destruição uma necessidade para a regeneração moral dos
Espíritos, que, em cada nova existência, sobem um degrau na escala do
aperfeiçoamento? Preciso é que se veja o objetivo, para que os resultados
possam ser apreciados. Somente do vosso ponto de vista pessoal os apreciais;
daí vem que os qualificais de flagelos, por efeito do prejuízo que vos causam.
Essas subversões, porém, são freqüentemente necessárias para que mais pronto se
dê o advento de uma melhor ordem de coisas e para que se realize em alguns anos
o que teria exigido muitos séculos.’ “. Para aqueles que acreditam que somos
apenas este corpo de carne e osso ou que crêem que temos apenas esta vida,
desastres dessa natureza representam o fim de tudo ou, simplesmente, um castigo
de Deus, selando para todo o sempre os nossos destinos no céu ou no inferno.
Mas não somos o corpo carnal, como uma roupa que se troca todos os dias, somos
espíritos imortais, eternos. Na verdade
tivemos e teremos várias outras existências para cumprirmos o chamamento de
Jesus de Nazaré: “Sede, pois, vós outros,
perfeitos, como perfeito é o vosso Pai celestial.” (MATEUS, 5:48). Por
isso, para a doutrina espírita estas mortes coletivas não é algo tenebroso,
negro ou ruim como muitos pensam, mas um momento de renovação moral e
espiritual para a humanidade,
fazendo-nos refletir mais sobre a fragilidade carnal e a essência
espiritual de cada um de nós.
Com o fenômeno da reencarnação,
que é o retorno do espírito em outros corpos até atingir a condição de Espírito
Puro, passamos a compreender que estes sinistros são um resgate de débitos
contraídos em vidas passadas. As vítimas de hoje foram os algozes de ontem! É o
que vemos no livro “Chico Xavier pede licença”, numa mensagem de Emmanuel, guia
espiritual do médium Francisco Cândido Xavier: “Invasores ilaqueados pela própria ambição, que esmagávamos coletividades
na volúpia do saque, tornamos à Terra com encargos diferentes, mas em regime de
encontros marcado para a desencarnação conjunta em acidentes públicos.
Exploradores da comunidade, quando lhe exauríamos as forças em proveito
pessoal, pedimos a volta ao corpo denso para facearmos unidos o ápice de
epidemias arrasadoras.
Promotores de guerras manejadas para assalto e crueldade pela
megalomania do ouro e do poder, em nos fortalecendo para a regeneração,
pleiteamos o Plano Físico a fim de sofrermos a morte de partilha, aparentemente
imerecida, em acontecimentos de sangue e lágrimas.
Corsários que ateávamos fogo a embarcações e cidade na conquista de
presas fáceis, em nos observando no Além com os problemas da culpa, solicitamos
o retorno à Terra para a desencarnação coletiva em dolorosos incêndios,
inexplicáveis sem a reencarnação.”
Mas para todo esse processo de
resgate há uma programação? A resposta desta vez fica com Divaldo Pereira
Franco, o maior orador espírita da atualidade, no livro “Divaldo Franco
Responde”, da editora Intelítera: “Poderia
parecer que os benfeitores programam a desencarnação coletiva. Não é exatamente
assim. Quando as circunstâncias mesológicas favorecem o acidente, os
benfeitores têm conhecimento anterior. Vamos imaginar a possibilidade de uma
falha em qualquer um dos equipamentos, a possibilidade de equivoco humano, os
fatores climatéricos, as circunstâncias geológicas como terremotos, maremotos,
erupções vulcânicas, tsunamis, então uma lei de afinidades atrai os indivíduos
àquele evento que ensejará a libertação dos crimes do passado em forma
coletiva.” Mais adiante ele completa: “o acaso, o improviso nas leis soberanas
seria o resultado de um trabalho muito bem elaborado para dar certo naquele
momento, que é o objetivo da programação.”
Por fim, cabe ressaltar, que mesmo
sendo estas tragédias fatos que causam grande comoção para os encarnados e os desencarnados,
devemos ficar tranqüilos, pois nossos irmãos que passam por provações dolorosas
são auxiliados pela Espiritualidade
Superior. É o que se percebe nesta visão espiritual de um desastre aéreo: “A cena aflitiva parecia desenrolar-se ali
mesmo. Oito dos desencarnados no acidente jaziam em posição de chague,
algemados aos corpos, mutilados ou não; quatro gemiam, jungidos aos próprios
restos, e dois deles, não obstante ainda enfaixados às formas rígidas, gritavam
desesperados, em crises de inconsciência. Contudo, amigos espirituais,
abnegados e valorosos, velavam ali, calmos e atentos. Figurando-se cascata de
luz vertendo do Céu, o auxílio do Alto vinha, solícito, em abençoada torrente
de amor.” (Ação e Reação – médium Chico Xavier / espírito André Luiz - FEB).
Por Ramsés Mesquita
Dirigente do CEAL
Texto publicado originalmente no jornal "Correio Popular" de Imperatriz/MA no dia 11/11/2012.